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Doenças causados por nematoides e métodos de manejo no campo

Angélica Miamoto, Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Agronomia – Universidade Estadual de Maringá (UEM).


Os fitonematoides são patógenos que causam disfunções fisiológicas e morfológicas em plantas, causando danos expressivos em diferentes culturas de importância comercial. Dentre as espécies mais importantes no Brasil, destacam-se os nematoides das galhas (Meloidogyne javanica e M. incognita), das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus e P. zeae), de cisto (Heterodera glycines), reniforme (Rotylenchulus reniformis) e espiralado (Helicotylenchus dihystera) (Dias et al., 2010).

Cada espécie pode causar sintomas diferentes, que variam também de acordo com a cultura hospedeira. No geral, plantas parasitadas por nematoides podem apresentar dificuldades de desenvolvimento, podendo ou não apresentar amarelecimento foliar. No sistema radicular os sintomas também variam, sendo as galhas o sintoma característico dos nematoides do gênero Meloidogyne, lesões necróticas característico do gênero Pratylenchus e Helicotylenchus, e fêmeas maduras exteriorizadas na raiz característico de H. glycines e R. reniforme.

O manejo dos fitonematoides é complexo, e deve ser planejado com a integração de diversos métodos disponíveis, como a rotação de culturas, controle biológico e químico, uso de genótipos resistentes e manejo adequado do solo. Atualmente, a rotação de culturas e o controle biológico são os que se destacam nesse contexto, em função da grande eficiência em reduzir populações de nematoides no campo, além de serem ambientalmente amigáveis (Metwally et al., 2019). Ela é realizada por meio da alternância de culturas não hospedeiras, más hospedeiras, resistentes ou antagonistas, com culturas suscetíveis (Miamoto et al., 2016; Neher et al., 2019). Entretanto, para a implantação da rotação de culturas, primeiramente é necessário identificar as espécies de nematoides presentes na área, uma vez que, mesmo plantas com potencial para o controle, podem apresentar suscetibilidade variável frente às diferentes espécies de nematoides.

Cultivares portadoras de genes de resistência raramente possuem as características agronômicas desejáveis pelo produtor (Starr; Mercer, 2009), portanto, nem sempre é possível utilizar espécies com interesse comercial na rotação de culturas. Por isso, deve-se alternar espécies vegetais que apresentem características desejadas em relação à exigências nutricionais diferentes; estrutura e volume de sistema radicular distintos para melhor exploração do solo; e utilizar uma ou mais plantas com capacidade de produção de matéria orgânica e cobertura de solo (Fancelli, 2009).

Já o controle biológico utiliza outros organismos vivos para reduzir a população de nematoides na área. Estes organismos podem ocorrer naturalmente no solo ou serem introduzidos pelo homem, agindo como inimigos naturais por meio de predação, parasitismo, competição por alimento e espaço, antibiose ou por indução de resistência (Xiang et al., 2018). Dentre os organismos com maior eficiência e mais usados comercialmente estão os fungos Pochonia chlamydosporia, Purpureocillium lilacinum (=Paecilomyces lilacinus) Trichoderma spp., e as bactérias do gênero.

Estudos mostram ainda que a rotação de culturas associada ao controle biológico, em alguns casos, pode potencializar a eficiência de controle de nematoides, além de melhorar as características do solo (Miamoto et al., 2021), provando que o manejo integrado ainda é a melhor opção para o manejo desses patógenos.

Figura: Galhas (setas vermelhas) formadas a partir do parasitismo de Meloidogyne javanica em soja. Nota-se a diferença entre galhas e nódulos de fixação de nitrogênio (setas azuis).


Referências:

DIAS, W. P.; GARCIA, A.; SILVA, J. F. V.; CARNEIRO, G. E. S. Nematoides em soja: Identificação e Controle. Londrina: Embrapa Soja, 2010. 8p. (Circular Técnica 76).

METWALLY, W.E.; ASHRAF, K.; KHALIL, E.; MOSTAFA, F.A.M. Biopesticides as eco-friendly alternatives for the management of root-knot nematode, Meloidogyne incognita on cowpea (Vigna unguiculata L.). Egyptian Journal of Agronematology, v.18, n.2, p.129-145, 2019.

MIAMOTO, A.; DIAS-ARIEIRA, C.R.; CARDOSO, M.R.; PUERARI, H.H. Penetration and Reproduction of Meloidogyne javanica on Leguminous Crops. Journal of Phytopathology, v.164, n.11-12, p.890-895, 2016.

MIAMOTO, A.; CALANDRELLI, A.; RINALDI, L.K.; SILVA, M.T.R.; MIORANZA, T.M.; SANTANA-GOMES, S.M.; DIAS-ARIEIRA, C.R. Macrotyloma axillare ‘Java’ and Crotalaria spp. combined with biocontrol agents for the management of Meloidogyne javanica in soybean. Journal of Phytopathology, v.2021, n.001, p.1–9, 2021.

NEHERA, D.A.; NISHANTHANA, T.; GRABAUB, Z.J.; CHENC, S.Y. Crop rotation and tillage affect nematode communities more than biocides in monoculture soybean. Applied Soil Ecology, v.40, n.1, p.89-97, 2019.

XIANG, N.; LAWRENCE, K.S.; DONALD, P.A. Biological control potential of plant growth-promoting rhizobacteria suppression of Meloidogyne incognita on cotton and Heterodera glycines on soybean: a review. Journal of Phytopathology, v.166, n.1-8, p.449-458, 2018.

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