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A importância de pesquisas sobre nutrição mineral de plantas
Texto baseado no trabalho de Antônio Enedi Boaretto, José Lavres Junior e Cassio Hamilton Abreu-Júnior, “Os Desafios da Nutrição Mineral de Plantas”, publicado no livro “Nutrição e Adubação de Espécies Florestais e Palmeiras”. FCAV/CAPES. 2014.
Há mais de 10 mil anos atrás, para o estabelecimento do homem e a modificação de sua vida nômade, foi necessária a realização de um sistema de manejo para a administração de determinadas espécies de animais e vegetais, possibilitando um contexto de equilíbrio específico entre conservação e planejamento a médio e longo prazo, discrepante ao mecanismo de sobrevivência nômade. Essa ação estabeleceu uma nova relação dos grupos de indivíduos com o meio ambiente, contribuindo para significativas transformações nos ecossistemas da terra, na conformação populacional e na relação entre estas áreas.
Para o bom desenvolvimento vegetal, é necessária a determinação de uma equilibrada quantidade nutricional, com o objetivo de compor as fontes indispensáveis para o crescimento e alimentação dos animais. Importantes fatores ambientais, tais como: temperatura, umidade e microrganismos podem influenciar na disponibilidade nutricional para as plantas, cumprindo uma conexão biogeoquímica na ocorrência de razões bióticas e abióticas. Importantes estudos são realizados constantemente para compreender o melhor mecanismo para a assimilação alimentar e demanda nutricional equilibrada em todo o mundo. A comunidade científica demanda esforços para desenvolver pesquisas reconhecidas, permitindo a sinergia entre áreas agrárias e socioeconômicas, evidenciando a importância de estudos sobre a nutrição mineral de plantas e suas linhas abrangentes, que correlacionam a distribuição e o consumo mundial de alimentos.
Os estudos dentro do campo agrário possibilitaram uma sobrepujança alimentar, colaborando com a propulsão da densidade populacional no mundo, que hoje ultrapassa sete bilhões de habitantes. Em elaboração experimental a respeito dos estudos da nutrição de plantas, a culminância foi estabelecida por Jean-Baptiste Boussingault (1802-1887), que pesquisou a translocação nutricional do solo, quantificando a absorção de nutrientes na planta em detrimento do ofertado no espaço de cultivo. A “lei do mínimo”, hoje muito estudada, foi escrita inicialmente por Philipp Caril Sprengel (1787-1859), e obteve aprofundamentos e difusão pelas ações de Justus Von Liebig (1803-1873). A “lei do mínimo” permitiu a compreensão no que concerne à quantificação mínima de determinados nutrientes, em razão de outros, para a adequada e eficaz nutrição das plantas. Isso propiciou um aperfeiçoamento nos estudos para a elaboração de fertilizantes, trabalhos que ainda estão em pauta nos espaços e pesquisas agrárias, a fim de obter o melhor índice nutricional.
Com os estudos sobre a nutrição mineral de plantas em culminância, a produção de fertilizantes teve acréscimo, propiciado pelas fundamentais pesquisas no campo agrícola. Outro avanço se deu por obter a fixação de nitrogênio de modo industrial, permitindo um advento excepcional no potencial produtivo. Esse princípio estabelecido propiciou três nomeações ao prêmio Nobel de Química, com honrarias a Fritz Haber, Carl Bosh e Friedrich Bergius. Na época, a honra foi mencionada em detrimento da extrema contribuição dos estudos para o “bem-estar da humanidade”. Outro prêmio significativo para a área agrícola foi destinado a Norman Ernest Borlaug (1914-2009), recebendo o Nobel da Paz, direcionado ao início da “Revolução Verde”.
As técnicas propostas pela nutrição mineral de plantas ampliaram as possibilidades analíticas, com fontes e métodos amplificados, desde estudos de solos, soluções nutritivas, nutrição foliar e entre outras. Essas análises permitem aprofundamentos na produção de alimentos, desde métodos de cultivo, quantificação nutricional e junções na nutrologia humana. Muitos produtores e empreendedores visam investir em pesquisas que possibilitem maior teor nutritivo em plantas, tanto por melhoramento genético, adubação foliar, correção do solo, como também a investigação do tempo ideal de absorção de nutrientes de um determinado fruto.
Segundo a FAO, estima-se que em 2050, a população mundial atingirá nove, ou dez, bilhões de habitantes, e de acordo com a quantidade de alimentos consumida hoje, os agricultores vão necessitar de um aumento produtivo de aproximadamente 60% a mais do que o cultivado hoje. Por isso se faz necessário os estudos no campo da nutrição vegetal com novas tecnologias e meios de aumentar a produtividade sem agredir o ambiente. Neste viés, voltado para o campo acadêmico e ao incentivo em pesquisa, a área da nutrição mineral de plantas necessita incitar conhecimento e conscientização, produzindo conteúdos consistentes, contribuindo para a adequada produção de alimentos, principalmente com o cuidado de não degradar os recursos naturais, causando o menor impacto possível ao meio ambiente.
Por isso, um dos objetivos atuais da agricultura, e concomitantemente da nutrição mineral de plantas, é desenvolver alimentos com potencial nutritivo, com expressiva importância no tratamento e manipulação na produção agrícola, a fim de promover, de forma sustentável, qualidade de vida e saúde à população. Com estes caminhos estabelecidos, o alimento voltará a ser reconhecido pelo seu valor, e não pelo seu preço.
